O que é a terapia EMDR?

A terapia de dessensibilização e reprocessamento por meio de movimentos oculares (do inglês eye movement desensitization and reprocessing - EMDR), é uma psicoterapia pioneira, cientificamente validada, e com ampla aplicação clínica.

Descoberta pela psicóloga americana Francine Shapiro, baseia-se no sono REM (sono de movimentos rápidos oculares), e serve para reprocessar conteúdos traumáticos. Muito do que pensamos ou fazemos no presente é definido por modelos aprendidos no passado, através de crenças negativas, emoções ou sensações físicas que ficaram incorretamente gravadas em nossa memória e influenciam o cérebro como um todo.

Na terapia EMDR o cliente é instruído a pensar no conteúdo traumático enquanto o terapeuta realiza movimentos bilaterais (oculares, táteis ou auditivos). Isso reprocessa o conteúdo traumático, fazendo com que o cérebro "corrija" a experiência negativa e a resolva. Quando essas redes neurais disfuncionais são desfeitas, comportamentos e pensamentos que causam sofrimento ao cliente no presente deixam de fazer sentido.

Indicações

O EMDR é usado para tratar uma variedade de condições. Inicialmente aplicado para transtorno de estresse pós-traumático, pode ser usado em transtornos depressivos, de ansiedade, de ansiedade de doença, em sintomas obsessivo compulsivos, fobias específicas (medo de avião, de altura, de agulhas, de sangue, etc), pânico, dor crônica, dentre outros.

É também indicado para a correção de crenças negativas. Pensamentos como "não sou bom o bastante", "não mereço ser amado", "estou em perigo", "tenho que ser perfeito/a", "não posso lidar com isso", "não sou capaz", "faço tudo errado", "há algo errado comigo", em geral são decorrentes de experiências negativas na infância ou no desenvolvimento, embora também possam ocorrer em ambientes escolares, acadêmicos, ocupacionais, dentre outros.

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Terapias cérebro-corpo e abordagens bottom-up

Diferente do paradigma tradicional das terapias de fala, as abordagens cérebro-corpo incluem uma gama de psicoterapias que usam outros acessos ao cérebro, incluindo a terapia EMDR, o Brainspotting, e o Neurofeedback.

O cérebro pode ser dividido em três regiões, começando pela parte superior e indo para a mais inferior: 1) neocórtex, a parte racional e lógica do cérebro; 2) sistema límbico ou sistema mamífero, onde ficam armazenadas as memórias e as emoções; e 3) o sistema reptiliano, que controla as funções mais primitivas e conecta o cérebro com o restante do corpo.

Abordagens top-down (de cima para baixo) começam engajando a parte lógica e racional do cérebro, que inclui a linguagem. Entretanto, no trauma, as disfunções muitas vezes estão no sistema límbico (emoções) e no sistema reptiliano (o corpo). Dessa forma, abordagens bottom-up (de cima para baixo) costumam funcionar melhor. Tratar estas camadas irracionais e emotivas do cérebro, cujas reações muitas vezes se dão de forma involuntária, com argumentos racionais, não costuma ser efetivo, pois o trauma desliga a camada racional e lógica do cérebro.

Um exemplo? Você pode dizer que não há motivos para se sentir ansioso ou em perigo, entender que a ansiedade é injustificada naquele nível ou que não há perigo, mas ainda assim sentir-se ansioso ou em perigo. Entender e sentir são processos diferentes, e muitas vezes o entendimento não muda a emoção ou a sensação física desencadeada por memórias passadas frente a um gatilho presente.

Modelo de atendimento

A terapia EMDR pode ser feita via presencial ou online, sem prejuízo do resultado. As sessões duram 50 minutos, e é possível agendar sessões duplas para quem desejar realizar sessões mais longas.

A frequência usual é de uma sessão por semana. O tempo de duração do tratamento depende das questões a serem trabalhadas e da velocidade com que cada pessoa reprocessa os conteúdos abordados.

Formação

O Dr. Diego possui formação em EMDR pela Trauma Clinic com reconhecimento pelo EMDR Institute e pela AIBAPT (Associação Ibero-Americana de Psicotrauma).

Evidência científica

Por sua eficácia e embasamento científico, é reconhecida e aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, de acordo com a Resolução do CFP nº13, de 15 de junho de 2022, cumpre todos os requisitos de uma abordagem psicoterapêutica.

O indexador de artigos científicos Pubmed, por exemplo, registrava em outubro de 2023 mais de mil publicações sobre a terapia. Metanálises - estudos de alta qualidade que agregam resultados de vários ensaios clínicos - demonstram a eficácia para uma variedade de transtornos psiquiátricos, sintomas, crenças negativas, e outros.

Ver seção material adicional para maiores informações.